Por Léo Borba, Jornalista.
Em silêncio, caminhou pelos corredores do supermercado. Olhou produtos, conferiu preços; dos embalados e dos avulsos. Por ele, passavam homens, mulheres; empurravam carrinhos, pegavam produtos, chamavam os filhos. Lá fora, o sol da manhã de inverno convidava a sair de casa.
Sábado era dia de fazer compras. E mais gente chegava. Os corredores faziam esquina com as bancas de frutas e verduras. E foi ali que ele parou. Observou em silêncio o movimento. Havia descido a serra. Com ele vieram a família e os costumes. O chapéu de feltro de aba estreita cobria a cabeça e parte dos cabelos já meio brancos das geadas. Uma bombacha, não muito larga, e botas campeiras pelo meio das canelas.
No bolso, a lista de compras e um cartão; no rosto, a preocupação de não saber por onde começar. Voltou por aonde veio.
- Escute mocinha – disse ele a uma das operadoras de caixa registradora.
–Eu preciso fazer umas compras e nunca usei este cartão.
– A voz era trêmula.
– Você não me ajudaria, na hora de pagar?
– Na pergunta, a vergonha do não saber.
–Claro, senhor! Não se preocupe.
– Respondeu a garota.
– Quem lhe atender, vai explicar como este cartão funciona.
– Disse ela, apontando para as demais operadoras de caixa.
- Muito obrigado, mocinha.
– Disse, um pouco mais aliviado.
Enxugou uma lágrima e empurrou um carrinho de compras pelo corredor. Um carrinho dos grandes. Enquanto pegava os itens da lista, lembrava do armazém onde, aos sábados, comprava o necessário pra semana; marcava no caderno e, com o aval do fio do bigode, pagava no final do mês.