Foto reprodução mídia social: Ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.
Por: Elizabeth Goldstein/ Escócia
Espionagem ilegal e perseguição:
Agência de espionagem do Brasil acusada de atacar ilegalmente os inimigos de Bolsonaro
Cinco presos em investigação de alegações de que a Abin monitorou e assediou importantes figuras públicas e políticos
Extremamente serio e um absurdo.
A agência de inteligência do Brasil foi ilegalmente armada durante a administração de extrema direita de Jair Bolsonaro para monitorar e assediar alguns dos mais importantes políticos, jornalistas, juízes e autoridades ambientais brasileiros que vivem no Brasil ou no exterior alegou a Polícia Federal.
Cinco pessoas foram presas na quinta-feira como parte de uma longa investigação sobre suspeitas de que durante o governo Bolsonaro de 2019-22 a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi usada para espionar os inimigos políticos do presidente.
De acordo com um documento policial de 187 páginas, os alvos incluíam algumas das figuras públicas e políticos mais conhecidos do Brasil de todo o espectro político.
Os alvos supostamente incluem: o chefe da Câmara dos Deputados do Brasil, Arthur Lira, e seu antecessor, Rodrigo Maia; aliados proeminentes do atual presidente de esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva, incluindo o senador Randolfe Rodrigues; figuras conservadoras, incluindo o ex-governador do estado de São Paulo, João Doria; quatro juízes do Supremo Tribunal; duas jornalistas políticas de destaque, Vera Magalhães e Mônica Bergamo; e dois altos funcionários do órgão de proteção ambiental, Ibama, Hugo Loss e Roberto Cabral.
A Polícia Federal alegou que sob a supervisão do chefe da espionagem de Bolsonaro, Alexandre Ramagem, uma “organização criminosa de alta capacidade ofensiva” foi criada dentro da Abin.
Essa agência de inteligência “paralela” supostamente usou uma série de técnicas clandestinas para coletar informações sobre pessoas ou grupos considerados adversários ou irritantes. Os frutos desse trabalho ilegal foram supostamente transformados em desinformação online destinada a prejudicar a reputação dos alvos da organização e das instituições democráticas do Brasil.
Membros da unidade secreta também são acusados de atacar funcionários da Receita Federal que investigavam suspeitas de corrupção envolvendo o filho senador do presidente Bolsonaro, Flávio Bolsonaro.
Uma captura de tela de uma mensagem do WhatsApp de 2020 enviada por um suspeito preso mostra o suposto chefe do grupo secreto dizendo a um colega: “Precisamos encontrar sujeira” [em um alvo].
Outra mensagem, de 2022, mostra um policial enviando a um suposto membro do grupo informações sobre três funcionários de proteção ambiental considerados “causando problemas para a administração”.
Numa terceira conversa, ainda mais chocante, o suspeito e um oficial militar enfurecem-se contra o juiz do Supremo Tribunal Alexandre de Moraes, a quem se atribui a ajuda a evitar uma campanha de direita para derrubar o sistema democrático do Brasil que culminou nos ataques de Janeiro de 2023 em Brasília.
“Isso está ficando fodido. Esse careca está pedindo um pouco mais”, escreve um deles. “Apenas 7,62”, responde o outro – uma aparente referência ao rifle 7,62 mm usado pelas Forças Armadas do Brasil. A primeira pessoa responde em inglês: “Tiro na cabeça”.
Os que foram apontados pela polícia como alvos reagiram com raiva e choque.
Rodrigo Maia condenou o que chamou de “comportamento de um governo totalitário e criminoso, típico da pior das ditaduras”.
Randolfe Rodrigues, que foi vice-presidente de um inquérito do Congresso sobre a forma altamente controversa como o governo Bolsonaro lidou com um surto de Covid que custou mais de 700.000 vidas, chamou as revelações de “trágicas”.
“Enquanto os brasileiros morriam, o governo anterior – em vez de usar seu tempo para comprar vacinas – usou seu tempo para perseguir e monitorar os adversários políticos do regime”, disse ele aos repórteres.
Outro alvo, o senador Renan Calheiros, lamentou a “captura criminosa” da agência de inteligência e o uso de “métodos da Gestapo”.
Flávio Bolsonaro negou qualquer conhecimento do suposto esquema.
“Simplesmente, eu não tinha nenhum relacionamento com a Abin”, tuitou ele, alegando que as acusações eram uma tentativa de atrapalhar a campanha do ex-chefe da espionagem Ramagem, apoiada por Bolsonaro, para se tornar o próximo prefeito do Rio.
Ramagem ainda não comentou as alegações policiais de quinta-feira, mas já negou ter sido responsável por um esquema de espionagem ilegal durante sua passagem pela Abin.
Elizabeth Goldstein é uma jornalista colaboradora que vive na Escócia.

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